Saturno e o Dia de Finados
- Patrícia Helena Dorileo
- 4 de mar.
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02/11 é o dia dedicado a homenagear os mortos em muitas culturas. Finados. Na Astrologia, o responsável pelo findar das coisas é Saturno. O último e mais distante dos astros vistos a olho nu, associando-se, portanto, ao poder inexorável: é a marginalidade, o limite, a foice, o tempo, a morte. Quem impõe inegociável restrição, ordenando o senso de dever, a responsabilidade, o compromisso com a estruturação do levará à tão almejada safra. No dia de Finados, pensemos em Saturno ao rezar pelas almas dos mortos, dos mais velhos, dos antepassados, aqueles que construíram e deixaram tanta vida aqui. Apesar dos pesares, a missão de Saturno é construir coisas que se tornarão herança. Para tanto, exigem-se sacrifícios e paciência, pois é o Senhor do Tempo.
Pego o gancho nesta data para refletir sobre Saturno em vida, antes de a morte se tornar a grande colheita.
Planeta lento, leva cerca de 30 anos para dar uma volta no zodíaco. Quando a completa, é o chamado Retorno. É bem aquele período em que nossas vontades são testadas, as realizações cobradas, o tempo angustia.
Não se engane: não é uma crise. É um rito.
O trabalho passa a ser dúvida, mudanças acontecem, frustrações mil vêm junto. Relacionamentos acabam, outros começam, drama novelesco. Conflitos familiares da ordem da independência, autonomia, subversão. As amizades passam a ter interesses diferentes. A ressaca de repente passa a ser de 3 dias, a lombar dói, perguntam se vai congelar óvulos - o corpo não será mais o mesmo.
Rito de passagem rumo ao amadurecimento. Saturno está acima da esfera de Júpiter, portanto é o símbolo do ajuizamento. Amadurecimento do que é de fato estruturante. Do que vale gastar seu Tempo e sua Vida, tão efêmeros.
É se dar conta de que tudo acaba. Porque tudo desmorona. Morre. Mas a gente ainda está vivo. Então, é preciso reedificar a partir do eco: o que sou-faço-estou agora é o pecúlio que quero deixar ou a foice do Titã há de passar por aqui?
Diante dessa força toda, é a hora da oferenda.
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Quando algo morre, a aspereza e dureza que aquele corpo (ou situação) causava, é deixada para trás. Então, algo em essência Divino, se apresenta.
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Patrícia Helena Dorileo - astróloga, reikiana e jornalista.
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