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Vênus em Virgem: a queda que levanta afetos

  • Foto do escritor: Patrícia Helena Dorileo
    Patrícia Helena Dorileo
  • 4 de mar.
  • 2 min de leitura

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Por gentileza, antes de iniciar essa leitura, coloque para tocar a antológica Cotidiano, do sempre preciso Chico Buarque. Faço tal pedido, pois essa é a canção da Vênus em Virgem.



A canção e Vênus começam: “Todo dia ela faz tudo sempre igual / Me sacode às seis horas da manhã / Me sorri um sorriso pontual / E me beija com a boca de hortelã / Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar / E essas coisas que diz toda mulher / Diz que está me esperando pr'o jantar / E me beija com a boca de café”.



Na linguagem astrológica, Virgem dá queda à Vênus – enquanto se exalta em Peixes. Não é Vênus-conto de fadas. Não entende como é possível perder tempo com amores irreais, sonhos novelescos, paixões ficcionais. Gosta do real, das horas diárias. Nietzsche, quem tinha essa Vênus na carta natal, dizia que “o amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são”. A afeição à minúcia e ao detalhe que pode se debruar apenas e deliberadamente ao erro, à falha, ao problema, ao atrativo – tirando qualquer abertura ao encantamento, apaixonamento.



Vênus-Cotidiano. O que pode ser mais belo que o amor diário? Por ser da triplicidade de terra, deseja construir algo fértil, seguro e concreto. Nutre amor no toque, no corpo, no trabalho em arar o solo da afeição, no costume com os olhares, no abraço seguro. Aí, sim, no detalhe do afeto. Juntos consertam os problemas da casa, implicam com as imperfeições da relação, se corrigem em conjunto. Tudo isso extravasa os meros prazeres venusianos, daí o tombo.



“Seis da tarde como era de se esperar / Ela pega e me espera no portão / Diz que está muito louca pra beijar / E me beija com a boca de paixão / Toda noite ela diz pr'eu não me afastar / Meia-noite ela jura eterno amor / E me aperta pr'eu quase sufocar / E me morde com a boca de pavor”.



É difícil entregar-se, mas que injustiça chamá-la de fria, frígida. Cresce nesta terra, ao tempo necessário para tanto, o que quer que esteja sendo nutrido, alcançando sim o arrebatamento. Quando menos espera, na construção em união, passa a apreciar até a bagunça, imperfeição e mácula. É hora de irrigar-amores.


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Patrícia Helena Dorileo - astróloga, reikiana e jornalista.

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