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Mercúrio em Peixes

  • Foto do escritor: Patrícia Helena Dorileo
    Patrícia Helena Dorileo
  • 4 de mar.
  • 2 min de leitura

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Existe uma pérola cinematográfica que, quando assisti pela primeira vez, uma jovem aspirante a cinéfila, fiquei tremendamente impressionada. Hoje acho divertidíssimo o filme. Um Cão Andaluz é um marco do cinema surrealista no qual eternizou-se a emblemática cena em que um homem corta o olho de uma mulher feito uma nuvem pontiaguda atravessando a lua cheia. A obra é de Luiz Buñuel e Salvador Dalí, piscianos de mercúrio e lua, em respectivo, e contaram que as imagens mais impactantes registradas na película vieram de sonhos que cada um teve. O de Dalí foi a de uma mão com um buraco no meio cheia de formigas. A gente assiste e fica: que maluquice, que que isso significa? O que isso quer dizer? Mas por quê?!


Um Cão Andaluz não tem a proposta de significar nada. Não deseja atribuir sentido àquelas imagens, embora isso possa ser feito. Começa com um “era uma vez...” sugerindo uma base conservadora da contação de história, mas de repente, a imagética assume formas... surreais. O filme é um belo retrato do Mercúrio Peixes, o Mercúrio da sugestão, da desorientação, da confusão. Por que tudo precisa fazer sentido e explicado com o que chamam de sensatez? Vale a pena romper o olhar que busca a continuidade lógica temporal, especial, racional em tudo. Vale porque há uma preciosidade imaginativa que nos habita a ser cultivada.



Você já mergulhou debaixo d’água e tentou se comunicar com alguém? A voz não sai, vira bolha, e a mímica salva. A pantomima também repassa uma informação, dá forma a um pensamento, e muitas vezes exige criatividade para ser compreendido. A telepatia é o principal meio de Mercúrio em Peixes. A música, a poesia, o exagero. A fantasia, o ilusionismo, o inconsciente, o sonho. Os entendimentos, ah, eles podem ser tantos e nenhum. E essa é a graça. Yoko Ono, outra mercúria-peixinha, tem um livro inteiro que poderia ser uma homenagem a esse mambembe espectral, o Grapefruit, onde designou:


NADE

NADE EM SEU SONHO O MÁXIMO QUE PUDER ATÉ ENCONTRAR UMA ILHA. CONTE-NOS OS RESULTADOS.


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Patrícia Helena Dorileo - astróloga, reikiana e jornalista.

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