Escorpião, o aracnídeo silencioso
- Patrícia Helena Dorileo
- 5 de ago. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de ago. de 2023

Ilustração: Kate Stomber
Uma drástica mudança acontece: tudo escurece no caminho do Sol, o luminar diurno, quando ele vai de Libra a Escorpião. Chegando aqui, é como uma caverna cheia d’água, onde não sabe se vai dar pé. Melhor tomar fôlego e mergulhar para atravessá-la. Lá embaixo se vê lama, o pântano, ou o iceberg. Há material putrefato, carcaça, embora haja vida também, aqueles serezinhos que resistem à falta de luminosidade e oxigênio, fortes e resilientes. Quando retorna à superfície, está esbaforido, mas pelo menos agora sabe o que habita o breu. Se não for de livre e espontânea escolha, os poços podem te engolir.
Escorpião é signo de água fixa, como aqueles lagos imensos ou mesmo essa caverna repousada, em que tudo parece tão calmo e sereno, mas no fundo há muita vida e movimento acontecendo. Essas características se encontram no próprio animal que nomeia o signo: de hábitos noturnos, vive escondido, vê tudo sem ser visto. É silencioso e só ataca quando se sente invadido. Regido por Marte, quando impelido ou atacado, utiliza seu ferrão com a precisão de um ninja. Sabe o poder do próprio veneno, e o quanto basta para matar ou para curar.
Quando identifica uma batalha interna que precisa ser enfrentada, vai à luta apenas para vencer em troca de sua conservação. Não há outra possibilidade. Torna-se implacável, obstinado e obsessivo. É o instinto de sobrevivência que se impõe. E para sobreviver, sabe que há uma porção de coisas que muitas vezes precisam morrer.
Refutar a morte é uma besteira. Ela é quem se impõe. E Escorpião sabe bem disso, porque ele foi até o fundo da caverna. A fragilidade da vida é o subterfúgio para vivê-la com intensidade, profundidade, penetrabilidade, agudeza. Esgota-se. Renasce. Morre, transita, revive. O que o assombra não é capaz de detê-lo.
Nem todo mundo gosta de Escorpião. É compreensível: nem todo mundo está preparado para ele.
Nos tempos de Sol escorpiano, acenda o farolete na direção do seu baú. Faça um arranjo de flores e folhas secas para celebrar própria força silenciosa.
___ Patrícia Helena Dorileo - astróloga, reikiana e jornalista.
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