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Câncer, o caranguejo

  • Foto do escritor: Patrícia Helena Dorileo
    Patrícia Helena Dorileo
  • 5 de ago. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 22 de ago. de 2023

Na minha família, tivemos uma gata chamada Sancha. Ela era rajada, esperta, caçadora nata, dengosa, embora não fosse daqueles felinos que estão sempre no colo porque o adoram. Quando o tempo virava e o frio se revelava, porém, Sancha imediatamente procurava os colos mais quentes onde se aconchegar. Bastava um vento fresco para isso, se caísse muito a temperatura ela até ronronava e olhava como quem dizia “não me tire daqui, por favor”.


Signo do Caranguejo, que também pode ser o felinos-no-inverno.

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Ilustração: Kate Stomber


Signo-aconchego. Signo-afetividade. Signo-lar. Tudo o que acolhe é essencialmente canceriano. Aqui vivemos o início do verão mítico. Começa-se a despontar as cores de Almodóvar e após já ter iniciado algo de único, estruturado-o e racionalizado possibilidades, é hora de dar a devida atenção ao que não é palpável e mexe nas entranhas: as emoções. Câncer é o primeiro onde se sente, são as águas cardinais. É quem dá morada à Lua, quem governa o ritmo dos ciclos terrenos e os humores do mundo. Por se abrir a tudo o que está na zona dos sentimentos, algo inédito até então no zodíaco, nem sempre sabe o que fazer com essa tremenda habilidade, apenas se permite perceber, sentir, absorver.


Entre as nuances do sentimentalismo, Câncer é sobretudo acolhimento. O colo que se busca e se cabe de modo confortável, encontra afago. A concha, literalmente, mas que para se fazer lar, há de ter registros, memórias, lembranças afetuosas.


Sancha, a gatinha, parecia ter antenas sensitivas. Percebia o sentir humano: quando pairava tristeza, ela fazia companhia silenciosa; se havia muita euforia, ela brincava e corria alegremente. Não sabíamos quando ela nasceu, foi adotada após quase ser atropelada no meio da rua, mas algo me diz que ela carregava essa habilidade de assimilação e encharcamento.


Caranguejo é um crustáceo de capa dura, quando vulnerabilizado corre para proteger-se, trocar a carapaça e fortalecer-se. Corre de lado para não virar as costas ao perigo. Signo fértil que é, se abunda nas águas interiores, onde também armazena suas histórias. Feito a maré fica sob cuidados lunares. Aliás, quando o Sol passa por este signo, temos as noites mais longas, como reverência à Lua. É neste período também, ali entre 21/06 e 21/07 mais ou menos, quando há um convite à reconexão com nossas origens, ancestralidade, familiaridade. Caranguejo canta pelos cômodos “Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto pra você parar em casa”, para encerrar que o que lhe nutre é mesmo a ternura.


___ Patrícia Helena Dorileo - astróloga, reikiana e jornalista

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