Carandiru e a Casa 12 astrológica

imagem: banco de imagens Google

Neste dia 2, são 31 anos do massacre no Carandiru, onde oficialmente 111 detentos foram assassinados pela PMSP. Outros reclusos afirmavam: foram, no mínimo, 250. Li, não lembro onde, que a inauguração ocorreu na manhã do dia 21/04/1920, sem registro do horário. Elegendo por volta de 8h, Ascende Touro e o regente cai na Casa 12, a casa do cárcere. Vênus em Áries, exilada, aqui é símbolo do destino dos excluídos: a prisão e nada mais. A Lua estava em Gêmeos, o 12º signo a partir de Câncer, quem domicilia a Lua. Quer dizer, a Lua em Gêmeos está em isolamento. O céu dá radicalidade ao nascer de um presídio, a priori celebrado precipitadamente como modelo a ser replicado. Começando pelo fato de o regente da Casa 12, Marte, estar bem em Escorpião, porém Rx, há fragilidades estruturantes.

Não suficiente, chove estrelas de natureza explosiva. O Sol a 1º do Touro alinha-se à Mira, que trata de severidade, autoritarismo e fracassos. Mercúrio encontrou Deneb Kaitos, a da autodestruição. É Mercúrio quem orienta a Lua geminiana, ou seja. Previa-se das rebeliões à implosão final.

No dia da chacina, o mapa progredido da Casa de Detenção tinha Marte em Libra e Lua em Capricórnio, ambos exilados. Por trânsito, Lua também na Cabra, Marte em Câncer, em queda, os fardados munidos de covardia e quase quatro mil tiros obedecendo a ordens patifes jamais assumidas. No laudo do IML: “a ação da polícia teve características de operações táticas de ‘incapacitação imediata’ cujo objetivo é produzir a morte do adversário”. Quem atira é Marte. Vênus, regente do mapa, exilada em Escorpião. O Sol, as autoridades, em queda.

Um mapa evidente de como não se deve fazer segurança pública, que apostar na indignidade é atestado de fraqueza e poltronaria articulada. Muitos responsáveis seguem impunes até hoje, familiares desamparados e a memória do ocorrido apagada – tudo o que uma Lua exilada se esforça em promover. No Brasil, há uma população carcerária de 835 mil pessoas, e se o Carandiru foi modelo de algo, é da gestão penal da miséria e calamidade, em que o judiciário é apenas mantenedor. Júpiter, o juiz, progride rumo ao Fundo do Céu daquele mapa: fazer justiça é também não esquecer.

___

texto de 2023

Patrícia Helena Dorileo - astróloga, reikiana e jornalista.